segunda-feira, 19 de março de 2007

O meu pai...

O meu pai é tímido e valente. É nervoso e não é: sabe rir. É justo e ganha dineiro. Quer saber as minhas notas e não ficou furioso por causa da fraca que tive em matemática.
O meu pai tem um livro de cheques. E não quis dizer-me por quem votou nas eleições. - O voto é secreto, e tu, aprende o segredo! - disse ele. De manhã anda sempre a pé, 3-4 quilómetros, e depois, para estragar tudo, segundo as palavras da mãe, bebe um café duplo.
O meu pai compra flores à minha mãe quando ela não faz anos. Tem menos férias do que eu. Vai lavar o carro à fonte, na descida da calçada, e deixa-me ajudá-lo.
É o meu pai.
Jorge Listopad, Álbum de Família, Afrontamento (1988).

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